Correlação Suicida

Já é tarde da noite. Não durmo.

em vez disso, oscilo de canto

em canto, despistando o sono

num pesar de langor e tanto.

sobre as chamas de um fogareiro

improvisado na varanda, a chaleira chia.

como de nosso hábito de antes

(e de cada dia)

a água para o café está no ponto.

caminho a passos lentos na sala escura,

esmiúço com pesar cada cômodo vazio da

ouço com espasmos o acústico silêncio da solidão.

Janela entreaberta, ao pé da Lua.

noite de prata. Noite lúgubre. Calada noite. noite de pranto. Nada mais. Nada muda...

Como pude? Di! Me diz... Como pude?

especulo a oquidão da rua, seguro a xícara

de café ainda quente entre a palma das minhas mãos:

firme, gélido, mórbido e sem planos.

se a morte é isto, eis-me aqui! não há por que mais espanto.

Poesia Tofilliana
Enviado por Poesia Tofilliana em 19/08/2016
Reeditado em 11/07/2018
Código do texto: T5732850
Classificação de conteúdo: seguro