Dia Cinza
Lamento não voar,
não possuir grandes asas.
Tenho receio da direção imposta,
privando-me do tudo.
Vejo luzes tímidas e singelas,
ofuscadas pela grande massa cinza
de um dia nublado de outono;
nada é mais como antes.
Nuvens circundam o perímetro espacial,
trazem consigo um grande lençol escuro,
que encobrem o dia
e potencializam o mundo em tom de noite.
Árvores e aves buscam seu espaço,
por entre prédios e habitantes.
Esticam-se tentando respirar,
e serem alcançados por mísero raio de sol.
Não enxergo vida em meio ao vivo:
a matéria tem mais voz.
Respiram forte, gritam, intimidam:
camuflada tirania do objeto.