DOS QUATRO DIAS

Por não ver-te ora:

Ao menos passo, entre o incolor céu emplasto

Pela miragem cinza do nevoeiro incasto

Nas muralhas de carros-vivos que repletam a imagem

E malhas ao aço e vidro que suspendem a paisagem.

Refúgio em só;

Só, por onde o barulho que fadiga o surdo

Deveras transtorna-me em ouvinte mudo

Barulho, o tremor das sirenes que cortam à tarde

Vaidade, percorre os semi-donos aos quatro cantos da cidade.

E gente passa...

Passarelas, vertem-se como corredeira

A calçada, em enxurradas se perdera

Do alto, verás cabeças como relva em torrente

Terra de milhões, da chuva turva, em que não há gente.

Aguardo;

Enquanto não traz-me o bom momento

Os olhos guardo

Às horas cedo, norte-sul em de-norteamento

Esperança era

Boa espera, traz-me logo ainda há tempo.