Árvore de mim
Em anos de árvore essa condição já não faz mais sentido
Apesar da altivez, das frondosas folhas, dos galhos compridos
Descobri que as flores, os frutos doces da estação
Eram apenas rotina de uma vida de árvore sem razão
Pensei que o estado de árvore era o ideal
Estaria sempre ali, raízes firmes, resistente ao temporal
Descobri que só amaram minha sombra no verão
Que a minha essência nunca encheu seu coração
Nesse estado vegetal só atraí o abismo
Enraizada nesse chão não percebi meu martírio
Todo o amor que escrevi era conto inverossímil
Embalada pelo vento não previ o perigo
De estar sempre ali, incansável abrigo
Árvore inerte de estação previsível