Abismo

Que vida me aguarda lá fora?

Que futuro me espera além das paredes deste quarto?

Soluços ao luar, choros ao vento...

Lágrimas a banhar meu rosto como chuva de verão.

Triste perfil de uma pobre menina.

Os mais vagos contornos em frente ao espelho.

Não reconheço mais essa face.

Não pode ser minha.

Está tão envelhecia... Mas sou eu!

Múrmuros e lamentos...

Existir sem sentido.

Noite ainda, escuridão e trevas.

Noite além, remotas lembranças, recordações.

Cinzas de uma vida que parece tão distante.

Escombros de sonhos abandonados, impossíveis...

Sepultura de um eu sonhador e criança.

Noites de solidão, visão de um amanhã ignoto.

Palpitações de um coração desesperado.

Anseio por momentos felizes e saudosos,

Que choram no deserto do esquecimento.

Prantos, gemidos, soluços que morrem no espaço.

Fracassos, decepções, suspiradas mágoas,

Mágoas amargas e melancolias.

Sussurro monótono.

Máscaras ao chão.

Eco do desespero de não saber aonde se vai.

Abandono no nevoeiro tristonho da realidade.

Ilhas de degredo atroz, sonhos fatigados.

Abismo no mistério eu.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 07/04/2015
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