LUZ E ESCURIDÃO
 
Corpo transborda inundado de sentimentos que não afogados se põe a afogar.
Um ser a deriva, chicoteado pela revolta da tempestade na imensidão do mar.
Submerso e envolvido, junta forças para alçar-se em desespero à busca de ar.
Águas vorazes em noite escura, o engolem, e insistem os seus pecados julgar.
 
Condenado se arrasta por desertos causticantes onde o sol lhe queima o coração.
Nas areias espessas, os pés afundam não permitindo avanço mesmo sem direção.
Absorto e exaurido, em esforço, novamente se levanta para seguir na sua solidão.
A cabeça gira a luz se apaga e o corpo arqueia, de olhos fechados de volta ao chão.
 
Escuridão profunda de gélido abraço, envolvente oferece conforto em descanso indelével.
Um sopro resiste em não se entregar, resgatando de volta a força em vontade implacável.
As dores se vão, levando consigo a escuridão, e em seu peito renasce uma paixão inefável.
Brilho e brumas se juntam afagando a alma que desperta nos braços de seu amor imutável.