Por todas as vezes

Sinto falta de ter algo dentro de mim

além das mesmas dúvidas

que outrora eu caçava respostas

e que hoje não me importo mais.

Sinto falta de quando ouviam

o mesmo grito de socorro

que hoje está mais forte,

que hoje está mais forte.

Sinto falta daquela preocupação

que de fato nunca existiu

de cada porta que eu batia procurando asilo

e de cada tapa nas costas eu recebi.

Por todas as vezes que ouvi

que tudo ficaria bem

e que eu não deveria me preocupar

porque tudo o que me mata

não iria me alcançar.

Cada uma das vezes

que eu esperei pela última gota de esperança

sendo que esta última

nunca caiu.

Por todas as vezes que me sentei,

numa calçada suja qualquer,

olhando para baixo e esperando que alguém

me desse motivos para erguer a cabeça

e, por consequência, minha vida.

Por todas as batalhas que eu não conseguia mais lutar

e que me faziam segurar

um coração velho e empoeirado

que já não tinha certeza

se o tempo podia o curar.

Sinto falta de quando fingiam que ouviam

aquele grito de socorro

que hoje se calou,

que hoje se calou.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 28/10/2013
Código do texto: T4544895
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