Blusa de lã

Enquanto o poeta navega na palavra como passageiro

A rima no ar fica suspensa

Na calmaria do amanhecer surge o nevoeiro

Da noite em que o poeta não cochilou

Ficou na calada como estrangeiro.

Uma palavra como amiga que em meio a insônia voa

Com pessoas no andar de cima dançando

Esperando ansiosamente a brisa da manhã

Que ainda corta o olhar no horizonte

Corta os montes

Transpassa a curvas de qualquer ponte

E de tanto orvalho congelam a fonte

Enquanto só no vazio da folha o poeta vai desenhando

Como passageiro de uma poema que vai terminando

Sobre os raios da manhã

Se aquece junto ao seu caderno com uma blusa de lã.

Vagner Alves
Enviado por Vagner Alves em 28/01/2011
Reeditado em 30/01/2011
Código do texto: T2758156
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