Noite

Corro vazio,

pelos silêncios absurdos

Do meu egoísmo.

Quando não vem o sono,

Nestas noites de outubro.

Feito rosas mortas

enquanto o poema não vem,

choram minhas mãos

feito um castigo;

faço deste verso

O algoz da alma,

que alivia o sono;

E me dá abrigo.

Simultâneos,

o olhar do amigo,

O inimigo.

Na madrugada,

Para dois,

Uma taça de vinho;

Estranho, ilude ainda,

Nada cruza o meu caminho.

Mutante, "siber",

Corro disparado pelas ruas;

choro por todas as cidades;

E os carros,

apenas atropelam a dor que eu sinto;

Como um vampiro, de preto,

No meio da música ,

crio personagens, que não dizem nada.

Escrevo triste.

Por todas as paredes

Desenho rostos,

Sem retratos;

Neste momento,

Há outras solidões no meu quarto.

Moro no meio destes versos;

Morro sem ver o inverso:

Meu perfume, é meu pior costume,

A noite,

Meu maior deserto.

(Edmilson Cunha)

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 10/10/2008
Reeditado em 18/07/2020
Código do texto: T1221840
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