O ofício do verso

O poeta legítimo é mesmo um sonhador.

A ele não cabem as agruras desta vida.

Embora o mundo seja uma luta renhida,

não há força maior que a de ser um fingidor.

E fingir a dor ao transmutá-la em beleza;

e fingir também o amor até, enfim, encontrá-lo.

O poeta sabe, tem ciência de sua proeza.

Sabe que os versos são o maior dos nossos trabalhos.

Trabalho de parto. Trabalho de profundo,

incomensurável e inconcebível afeto;

trabalho às vezes ignorado, mas dileto.

Trabalho até negado por não ser do mundo.

E tudo, absolutamente tudo, é dos vivos

que amam com suas vidas em todos os assuntos.

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