As Uvas

Um metrô levou-me

do paraíso ao inferno

como um sopro virginal puro e verdadeiro

E (...) se dantes o inferno

tinha um certo calor de sangue

agora (...) acabaram-se os combustíveis

do mel negro humano

Há sim um gelo entusiasmado

com o eco das dores

dantescas e crônicas (!)

Maldito quem teme a morte (!)

Pois até mesmo o Francisco

a chamou de irmã (...)

e ferve este sangue

quando eu sinto

que o pretexto da distância

e da ira ilógica

justifica a jusante

do prazer nebuloso

Platônico como a própria

meiga despedida (!)

Os olhos pequenos e úmidos (...)

os cabelos como as tormentas (...)

seu perfume e os sonhos reprimidos

ávidos como o bêbado a oscilar

por entre carros inesperados

na via de trânsito rápido (...)

Tudo (!)

Absolutamente tudo

a morte estanca (!)

.