Amo a Arte

Amo a arte.

Amo-a em sua total delicadeza,

Amo vê-la sutil, frágil e violentamente forte, impactante,

Tudo em um só gesto.

Amo como um harmônico casal desliza pelo gelo

Num delicado e violento movimento de dança

Amo como uma música poderosa exige do seu cantante

As notas mais agudas e subtamente as mais graves,

Movendo-se delicada e violentamente para cima e para baixo

E depois para o lado, para baixo e para cima.

Amo ainda mais veementemente como nasce

Na cabeça de um escritor

Um mundo, uma vila, um amor, um calor, um terror.

Primeiras linhas, letras iniciais, humm,

Ele nem sabe ainda o que é:

É homem, é mulher?

É feliz, é feroz, é doce e adorável ou atroz?

É monstro ou é herói?

Ele, pobre escritor, não sabe ainda.

Tateia no escuro, construindo

Até que a cena se completa

Então, ele, espectador de sua criação,

Vê, se admira e se encanta.

Amo esse mistério pulsante envivecedor

Que chamamos Arte.

Marta Almeida: 23/04/2024