Sete Dias

Sete dias... Brincadeira no céu, menosprezado abaixo na terra,

o querer de tristeza morria, encanto que se perdeu.

Sete dias... Tempo suficiente para a criação do mundo e também para a certeza do luto.

Há sempre um morrer quando o amor diz adeus.

Oito dias, timidamente o sol insiste em nascer, mesmo sem clarear a dor que se esconde na vida,

ciclo infinito da despedida.

Lembrar do que não se deixa esquecer, esperar pelo que não pode voltar.

Sete dias, as estrelas permanecem a chorar, sombra que se estica e abraça os seus mortos, carregando o peso das lágrimas dos portos, alma que permanece no mesmo lugar.

Nono dia, nada parece crescer nesse caminhar, deserto estéril do fim, mas que num relance da eternidade,

numa única flor, nascida no frio da pedra, fez da lápide o seu altar.

Sete dias... memórias, a mesma música no vento a ressoar, tempo insano, contando mil vezes mesma história,

a sorrir e a lamentar.

Universo de incontáveis dias... lembrança que perdura, esperança obscura, calma estranha que envolve o que há em volta, e volta ao que sempre será.

Sete dias, o início e o fim entre os mundos, novamente o incontestável luto,

mesmo diante da consciência do continuar.

Alívio e martírio de tudo, labirinto , brincadeira de Deus ?

Há sempre um morrer quando o amor se vai e um difícil renascer quando ele reconhece nos seus,

o chamado de um novo despertar.

AlineLima
Enviado por AlineLima em 27/11/2023
Código do texto: T7941369
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