Almas vendidas*
Na sombra do teatro, em noite escura,
Ecoam lendas, tramas sinistras,
Onde almas vendem suas promessas,
Em busca da beleza que lhes atraem.
Em retrato oculto, Dorian Gray,
Negociou a alma com o tempo insano,
Pintura imortal, juventude a exalar,
Segredos de um pacto, num olhar profano.
Fausto, em versos de Goethe entrelaçado,
Ao Mefistófeles fez o acordo fatal,
Conhecimento e poder, preços pagos,
Vendendo a própria alma, pacto infernal.
No "Médico e o Monstro", dualidade aflora,
Jekyll e Hyde, luz e sombra a duelar,
Buscando a beleza, o ego se explora,
Nas faces opostas, o ser a se mostrar.
E em canções do Maiden, sombrio timbre,
Martin Guerre retorna com mistério,
Identidade em dúvida, rastro de um crime,
Poder e beleza, seu território.
Ó, Fantasma da Ópera, ser envolvente,
Erik, máscara oculta, doce melodia,
No abismo do amor, sua alma ardente,
Busca a beleza em sua sinfonia.
Assim, esses personagens imortais,
Nas obras e versos, seu destino traçam,
No cultivo da beleza, trilham atalhos fatais,
A alma vendem, e suas almas se enlaçam.
Que essa lição dos mestres da escrita,
Nos faça refletir sobre a essência humana,
Que a busca pela beleza não nos abdique,
De nossos valores e virtudes, vida insana.
Que em cada verso, ecoe a advertência,
Sobre as tentações da beleza e poder,
A alma é tesouro, eterna consciência,
Preservemo-la, em cada amanhecer.
***
* Dedico este poema a:
Oscar Wilde, Johann Wolfgang von Goethe, Robert Louis Stevenson, Andrew Lloyd Webber e Iron Maiden.