A ILHA (A humanidade em nevoeiros)

Em um mar sob nevoeiros, como as manhas de outono,

Barcos cruzam a linha da água e do tempo,

Navegando próximo, mas distantes em seus intentos,

Do meu barco pude ouvir sobre tempos

Onde havia no caminho mais ilhas festivas,

Onde os navegantes desciam para confraternizar,

Ouvi no meu barco, enquanto as vistas se perdiam no horizonte,

Enquanto pareciam anestesiados, buscando a nostalgia que os envolviam,

Enquanto observavam os barcos próximos não mais interessados em qualquer união,

Em torno se via a humanidade naufragar, enquanto seus corpos se mantinham vivos nos barcos,

Eles já se esqueceram daquelas ilhas, eles abandonaram suas esperanças,

E seguem para tentar furtar quaisquer resquícios de sonhos ainda vivo à volta,

Aqui no barco, que ainda se lembra das ilhas, parecemos anestesiados assistindo,

Sem saber muitas vezes como agir...

Os barcos navegam tão próximo, mas estamos tão distantes,

E as expectativas rodam feito redemoinhos,

E não sabemos se dentro de instantes iremos naufragar ou outra ilha irá surgir,

Os barcos estão seguindo enquanto o senso de humanidade extingue,

E dentro das ações dos seus navegantes, racionalidade ou instinto já não se distingue,

Enquanto isso, de nosso barco, seguimos, contrários a qualquer expectativa que intentam parar,

Esperando, sinceramente, encontrar novamente uma ilha, um ponto em comum,

Onde os navegantes de todos os barcos, como antes, possam confraternizar,

Porém, o receio que nos vem é que os demais barcos passem pelas ilhas sem as perceber,

Ou as percebendo, já não queiram atracar...

Sem entender que, por mais esperança que se carregue em alguma embarcação,

Se não houver contribuição mútua, o fim que parece mais provável

É que todos iremos em breve naufragar,

E se esperarmos o fim por ele mesmo, outro resultado não poderemos esperar,

Então, em um mar sob nevoeiros, como as manhas de outono,

Enquanto cruzamos a linha da água e do tempo,

Navegando próximo, mas distantes em nossos intentos,

Ainda seguimos anestesiados e com esperança,

Pedindo ao universo que nos conceda a possibilidade dessa ilha encontrar,

Para que possamos todos seguir juntos e sem medo de naufragar.