Dois presentes num dia.

Na descida do ônibus ela me aborda,

com a caneta na mão indaga se é minha

uma vez que no chão do carro ela tinha

encontrado a caneta bem perto da porta

A intenção na conduta, minh'alma exorta,

augusta, excelsa em tão delgada linha,

do gesto daquela senhora, sozinha,

para humanidade, o que mais importa.

Mas, tocado de espírito, eu disse que não,

que aquela caneta minha não era.

Mesmo assim ela disse, fique com ela,

colocando a bendita na minha mão.

A cavalo dado não se olha os dentes,

e aceitar a graça não me é dilema.

Então fiz da graça esse meu poema.

Em vez de perder, ganhei dois presentes.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 28/09/2022
Reeditado em 29/05/2023
Código do texto: T7615943
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