Os muitos NÓS do Cordão Umbilical
Mais um Natal sem nossa filha,
como se uma ilha se desprendesse
do seu arquipélago, para poder criar
o seu próprio ecossistema
e não nego,
que a sensação é estranha,
como se fosse uma cena de cinema.
Apenas mais um de vários Natais
e dentro em breve se desgarrará
a segunda ilha,
formando uma fila,
num movimento em cadeia,
uma vez que é impossível,
tentar fazê-los parar de crescer.
Assim é a vida e não é ruim,
pois é por diversas vezes repetida
e sempre querendo ser revivida,
com novos personagens,
mas com um enredo parecido.
-Glória ao Nosso Senhor cruscificado
e devolvido aos Céus,
pelo poder e vontade de um Ser Maior.
Deus,
além de sábio e justo,
é também demasiadamente esperto,
ao cortar os nossos primeiros vínculos
logo no nascimento,
para que assim possa suavizar o nosso sofrimento,
cumprindo menos traumaticamente o seu juramento,
de que tudo é transitório nessa vida,
de acordo com cada fé ou crença
e é necessário que nos acostumemos com isso
e não se trata de nenhum feitiço
e sim, apenas de mais um ciclo.
Do abacate fazemos a vitamina
e do caroço nasce um novo abacateiro
e assim,
poderá render uma nova colheita,
de uma nova safra,
bem mais saudável que a anterior,
pois amadureceu resistindo
as intempéries do tempo.
Se acostume -ou nos acostumemos,
uma vez que tudo nessa vida é passageiro,
exceto o motorista –e dessa forma alguns pensarão
e respondo que sim,
mas o motorista só não é passageiro,
naquela sua condução.
Há quantos Natais nos conhecemos,
irmão?