OS INVISÍVEIS
Achegou-se a ele como um velho amigo
Que lhe envolvia em seu tão frio abraço
Sorria-me, tão indubitavelmente bela
Deixando repousar em si, o seu cansaço
Sentia dores, como se penitencia fossem
Revirava o lixo e contemplava vitrines
E tão inversível diante dos olhos alheios
Orava! Oh, Deus! Que este dia termine!
São tantos sons, em um mundo tão doente
Que abafavam seus gritos de forma voraz
E tão silenciado pela indiferença alheia
Sua vida é a dor, dos que seguem sem paz
Tremia tanto, tão magro e tão faminto
Se a dias não via, o banquete sagrado
Bebia sempre água na fonte da praça
Se perguntando se era por azar ou pecado
E de repente, fez-se um amplo silencio
E as tempestades por fim cessaram-se
O frio tão sentido, enfim, terminou
A fome acabou e os olhos fecharam-se.