Choque de Realidade

Muros separam de nós, os abastados

Segregam em segredo subúrbios

Mantém-nos assim, todos afastados

Sequelam sem medos distúrbios

À sós, resta-nos crer em sortes

Pobres coitados, nada mais

À nós, assim, assíduos cortes

Nas mãos dos senhores feudais

Vender a alma ao diabo, tentação

Trocar o almoço pela janta,

Vender sempre fiado, quitação

Maligno o caroço na garganta

Do rico, um prato especial, iguaria

Todo requinte à mesa

Do pobre, um parto essencial, alergia

Toda rinite à obesa

Todo condomínio de novela

Todo extermínio na favela

Da periferia ao centro da cidade

Doeu-me o choque de realidade.

Harlen Ribeiro
Enviado por Harlen Ribeiro em 03/02/2020
Reeditado em 03/02/2020
Código do texto: T6857534
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