Torrencial
Se for pra lavar a terra da maldade
Tem que chover mais forte
Se for apenas outra tempestade
Há que se pensar na sorte
Na sorte do que se salvou
Ou na contingência desse mundo vil
No azar do que desabrigou
Ou na livre agência que involuiu
Se for pra lavar a alma da iresponsabilidade
Tem que chover canivete
Se for pela indiferença da humanidade
Há que o mundo se assumir pivete
Nas nossas infantis ações
Ou na negligência desse mundo atroz
Nos nossos duros corações
Que como enxurrada se esvai de nós.