UMA GARÇA

Ontem eu vi uma garça

A margem da lama

Contemplando a desgraça

O que era um rio virou um drama

Eu o seu alimento

Virou um tormento

Perece ter sumido como fumaça.

Ontem eu vi uma garça

E o meu sentimento

Não se disfarça

Fica tudo evidente

Nos espamos do meu corpo

E nos olhos da garça.

Hoje, eu não vi mais a garça...

Acho que ela se foi

Para além das nuvens

Para longe dos homens

Sumiu lá no alto

Se espalhou numa brisa

Como fumaça.