Há um ano

Há um ano

animálias embevecidas com sangue

rugiram e zurraram verdades.

Há um ano

abissal fosso se formou

regurgitando cacofonias verdes-olivas.

Há um ano

submergiram a ética e o crível

e, ante tanta vacância,

oníricos patriotas assaltaram

praças, campos, vielas.

Há um ano

as paredes, amedrontadas,

anseiam desfechos de folhetim.

Há um ano

em nome de Deus-Pai

as areias da orla emudeceram

as redes não mais aconchegam

e, exaustos, os coqueiros

não pensam na Liberdade.

Há um ano

o poeta sutura versos e sonhos

esperando a ferida cicatrizar.

Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 07/04/2019
Reeditado em 02/06/2021
Código do texto: T6617996
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