Jardineiro exagerado
Corpos, bem mais que corpos.
Ossos, bem mais que ossos.
Somos transpassados por tantas coisas
e o medo é uma delas.
O medo de perder o que se ama;
perder o modo de cuidar...
Água demais mata a planta.
Ouça isso jardineiro exagerado.
Parece que tenho matéria prima infinita.
Assim morro para deixá-la cada vez mais bonita, dentro e fora.
E penso merecer crédito por isso,
que mereço menções honrosas.
Mas que sujeira que sou.
Que ilusão de controle estou vivendo
e isso sim é viver morrendo.
Auto-tudo.
Quase um robô mal programado, mal montado.
Que tem tantas certezas de lata
que acha que são de ouro!
Ouro de tolo!
Se eu quero enxergar a lata?
Nem sempre, porém no fundo é isso que preciso fazer.
Obrigação minha não deve obrigar os outros.
Reconhecer-se uma formiga para quem se acha um leão é duro.
Tem que ferir orgulho;
tem que se preparar para o verdadeiro mergulho.
Limpar as mãos sujas de outrora.
Agora é a hora.
Tenho que me levar embora
para realmente descansar.
A batalha mais linda tem que ser aquela que a meta é nos reconquistar
para realmente saber o que é amar