RESSURREIÇÃO
 
     Curvado em teu leito a sombra já havia desfeito e o som pairava no ar.
     O turbilhão de melancolia inspirava-me na dor que sofria e o sol desfalecia, e o ar não mais existia.
Na reminiscência do teu ser o meu parecer é que se manifestava o próprio criador, a conservar o mundo que o imaginou; esperançar os filhos do real pudor e apagar a imagem que o criou.
     O frio gelava seu rosto, a roupa aquecia seu corpo e suportava o gemido; estalava com todos os ruídos até desligarem todos os fios, o jogo completo de pinos e atingir como som de sete sinos desmontarem em si.
     A beleza criada se extingue sem transparecer que está rindo, deleita em um sono profundo como um rio que não tem mais fundo, a desaparecer no imenso abismo.
     Vejo flutuar na imensa nuvem envolver em total liberdade a claridade das luzes, e agora no novo mundo entronizado, recorro aos céus meus olhos fustigados, em torno de mim a metade de um dia agonizado e vi você sumir.
     A terra te acolheu em total serenidade, que o mar se lembrou de todas as saudades, até que o infinito deixou mostrar sua estrela para seus habitantes, e o mundo voltou como era antes descansou nos braços de um gigante, que me fez prostrar-se diante daquela imagem.
     O anjo virou-me o rosto; senti-me fora do corpo até encontrar-me contigo frente a frente, mas como não estava preparado voltei ao tempo e passado e vi que o mundo presente não era isso que tinha imaginado.




 
Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 19/06/2018
Reeditado em 19/08/2019
Código do texto: T6368388
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