A música a se calar onde não é querida
Sim, o discurso do poder pode ser aclamado por mil multidões.
E seus andarilhos em peregrinação e suas pedras na cabeça!
Ainda assim, nego-me a curvar-me, a carregar seus falseados
fardos de delícias.
Mais encantadora e envolvente é a vociferação dos estarrecidos,
da indignação endoidada, das marchas dos saqueados!
O discurso embelezado dos que se revestem de hipocrisia
pode comover mil adeptos, alucinar corações.
Mas meu peito permanece impenetrável!
Os aplausos quase abalaram o chão diante do furor!
Os suores, os rostos animados se contorceram,
cabeças balançando positivamente
quase que me disseram: ''Nadamos de acordo com a corrente''.
Seguir o ritmo das andanças com tantas vozes favoráveis
é como seguir o ritmo de uma vida com tantos gritos sufocáveis...
Eles tiverem uma voz, mas mais cômodo seria corrompê-la...
Em nome santo da paz forjada, da paz maquilada,
da inebriante paz dos que seguem o vento do norte...
Sempre em frente, dirão: ''Oh, seduza-nos, Grande Rei''.
Agora, pergunto-lhes: que tamanho prazer é este capaz de deturpá-los?
Eles entorpeceram-nos, e seus súditos repetiram as mesmas ladainhas...
Agora, minha visão é nítida como um cristal...
Vejo-os cobertos de joias e promessas,
vejo-os pobremente adormecidos, elegantemente mudos.
E suas vozes clamadas com furor...
tão inaudíveis quanto um sussurro tímido!