A bailarina e o soldadinho

Ambos os brinquedos se conheciam

E compartilhavam a prateleira

Com este seu grupo que mantia-os unidos

Com outros bonecos de caracterisricas

Diferentes, não conformes, únicas

A diminuta bailarina

Que era vista por entre as outras

Tinha um defeito de fabricação

Mas isso não a impedia de dançar

Numa dessas danças

Graças a um dono descuidado

Acabou por machuca-la

Deixando mais dificil

Mais doloroso

Da bailarina conseguir dançar como antes

Ainda tinha oportunidades

E as aproveitava de modo exemplar

Achou alguém que cuidava dela

Não do modo ideal

Dessa vez ele estava disposto a aprender

Devagar, mas aprendia

E então assim

Nessas chances que tinha

Dançava de modo a resplandecer

Sua presença seja la para quem visse

O soldadinho marchava porque era feliz

E por conseguir marchar ele esquentava

Aquecia aqueles que o tinham

Fazendo-os se sentir amados

Fazendo-os se sentir queridos

Fazendo-os se sentir importantes

Mas usaram o soldadinho demais

Não esquentando-os de volta

Então por estar quente demais por fora

E seu interior ir esfriando

Porque não era esquentado

Seu corpo de metal frio rachava

E assim era descartado

Mas os outros bonecos o ajudavam

Acertando esses pedaços rachados

Esquenta-os para poder concertar

Adicionando mais uma cicatriz

Ao corpo do soldadinho

Ambos riam de seus destinos

Porque não se renderiam a eles

Poderiam ate achar pessoas

Que compreenderiam essas

Caracteristicas diferentes

No final das contas

Ambos seriam sempre

Brinquedos quebrados

Edu Campagnolo
Enviado por Edu Campagnolo em 03/04/2018
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