(Re) Nascer
 
Quem nasceu primeiro?
O ovo ou a galinha?
Pergunta existencial que corrói as intenções.
Não importa quem nasceu primeiro
Importa, sim, quem sabe (re)nascer.
 
Antes de existir, já quer voar?
Doce ilusão que suas asas vêm podar.
Não se voa antes de nascer,
Nem o céu irá lhe aceitar.
É preciso destreza para voos alçar.
 
Mas no afã de querer sair do chão
A imaginação ganha asas antes da razão.
É bom sinal quando se sonha
Evitam-se dores da alma, dores nas entranhas.
Mas nem sempre se evita as dores do existir.
 
O que impera é o desejo de nascer
Pra vida, pra lida, para ser.
E se o ovo ou galinha permanecem uma incógnita,
(re) nascer é ordem do dia
Não permite revolta.
 
Então nasça, renasça, refaça.
Voe e retorne ao chão da vida.
Imagine o céu com tons de azul
Perca o limite que os olhos produzem.
 
E assim, sem medo.
Tome a vida entre os dedos.
Solte os pesos que dá nos nervos e vá.
Não há limites para aqueles que querem voar.

         F©
MCMLXXVIII
 
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