Fim do eu

É um ser errante sem o limite

Sem destino ou desejo,assim persiste

Na apatia que alimenta o inconsequente

Nada almeja já com o fim deprimente

Só um vivente,mal trapilho desfigurado

A mente já desbota o nome que tenha tido

Ao seu eu o que importa o afortunado

Se das lembranças não há amor recebido

Com o cão sarnento, o despreso do passante

Danam-se todos, é o seu fiel e único amigo

Como ele, surrado, humilhado é semelhante

À sua história, sem ninguém que o tenha querido

Que diferença lhe faz a vida ou a morte

Sem busto na praça e destino da comum vala

Dos anônimos sem posse que o transporte

Para o descanso do eu que carregara.

Tite Furtado
Enviado por Tite Furtado em 22/01/2018
Reeditado em 26/03/2018
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