MARTÍRIO - poema resumo

Poema declamado no Seminário de Direito Civil VII, UFPB

E na língua guarani

Diz o Kaiowa sincero

Uma frase que aqui quero

Neste verso traduzir

Boquiaberto ouvi

Sem ‘saber socialismo’

Sofre o neoliberalismo

Diz o índio inteligente

“O que tá pegando a gente

É mesmo o capitalismo”

É de Vincent Carelli

Filme de se indignar

O Brasil precisa ver

Refletir, acompanhar,

Todo o documentário

Do Brasil autoritário

E do ato de explorar

Martírio é um filme-evento

Que nos leva ao coração

Das trevas do agronegócio

E nós dá a dimensão

Dos Guarani e da luta

Kaiowa com a força bruta

Pela terra, pelo chão

Traz uma profundidade

Da cinematografia

Mostrando tudo de dentro

Alma historiografia

Dos Kaiowa Guarani

E a gente chora, sorri

Com sua etnografia

Os Guarani Kaiowa

Lutam para existir

Cantos, religiosidade

Cultura a resistir

Linda forma de pensar

Que o branco quer matar

O filme faz refletir

Jesuítas, bandeirantes

“Boa índole” apontavam

Desses povos que o flagelo

Tristemente provocavam

As vis manobras dos brancos

Destruindo os índios francos

Seu mundo desmantelavam

Disse Aristides Junqueira

Do Brasil procurador

“Gado vale mais que gente”

Fica patente essa dor

E sai de lá consternado

Com o descaso do Estado

Desse mal perpetrador

A trajetória é larga

Examine-se os dados

PEC 215

Os ‘acordos’ demandados

Da bancada ruralista

Essa gente calculista

Quer os índios deserdados

Desde o império que tornara

Sua terra ‘devoluta’

A marcha para oeste

SPI – força bruta

Perversidade histórica

Perseguição categórica

Dessa gente impoluta

Da Guerra do Paraguai

Até o tempo moderno

Crueldade e racismo

Tudo transforma em inferno

A despossessão proclama

Capitalismo que trama

Seu deus dinheiro eterno