Poetas

Poetas

Poetas iludem o tempo todo

Poetas se fazem de besta para lhes dar certezas

Eles mesmos nem sabem o que fazem

Não?

Poetas são sorrateiros

Bicho encrenqueiro, nem Platão os suportava

Poetas falam o que todos querem

Através das letras que poucos leem

Um dia escreveram que poetas são falsos

São!

Poetas são falsos profetas

Dos dias melhores que nunca chegam

Ludibriadores

Cantam amores

Com seus disabores

Sopram brisas por entrem os furacões

Gotas de salivas viram tsunamis

Teimam em ser amor em tempo guerra

Fazem guerra, quando por fim a paz

Paz?

Poeta sabe que nunca haverá

E houve até aqueles

Que usaram de ser poetas

Para suas estripolias

Para cantar as moças desavidas

Para conseguir umas quinquilharias

Para o garçom lhes servirem, sem pedir a gorjeta

Poetas são safados

Poetas são toscos

Até mesmo os letrados

Poetas são malandros

Poetas são samba, desde as trovas

Poetas bebem das ruas sujas

Poetas são aqueles que, confinados no escuro

Lhes mostram a luz

Todos caem, se vislumbram

E os poetas, vaidosos solitários

Agradecem ao longe, baixando a aba do chapéu

Com um aceno de uma timidez cínica

E diz lá dentro

Do peito esquerdo

"Eu consegui!"

Sabem que deixaram ali um arranhão

Poetas são as almas que vagam sem ter chão

Poetas andam demais na imaginação

Poetas são apátridas

Não enxergam divisões geográficas

Por isso poetas são excluídos

O povo escolhido!

Poetas sabem que o são, apenas fingem não ser

Poetas que cantam lorotas para terem respostas

Poetas que lhes fazem perguntas sujas

Para limpar nas linhas com escritas puras

Depois de tudo ainda se fazem de santos

Poetas querem isso

Insuportáveis são os poetas

E é por tudo isso, que eu os amo tanto!

Aos meus amigos poetas!