SOBRE POLÍTICA & PUTAS
O que me dizem de ti, Aurora,
até o diabo, ao ouvir, se apavora,
veste a capa e vai embora!
Nas noites sombrias,
vagas nuas pelas veredas sinuosas,
se vendendo de alma,
porque do corpo não mais és dona,
e nas bocas dos cães,
seu nome virou música conhecida,
daquelas que só se canta o refrão.
Entre os homens perdidos,
mais perdida está a sua memória
e nos livros de história
a sua glória
será sempre coisa do passado!
Quando passas,
os meninos imberbes soletram seu nome
e na fome da juventude hormonal
contigo sonham em altas horas
matando futuras gerações em dedos macios.
O que me dizem de ti, Aurora,
antes puta fostes,
assim perdoaria a carne em chama,
mas
te assentas em palácios de justiça
e em congresso, julgas ao lado dos homens maus
prendendo o justo e libertando o corrupto!
Ah, Aurora!
minha velha senhora,
te vendes como prostituta velha, à beira da estrada,
mas como toda consciência política,
nunca te sentirás culpada!