TERAPIA INTENSIVA
Por ali já passara
Não que precisasse
Pelo que vira imaginara
Quando a vez chegasse
Onde todos se igualam
Entre a vida e a morte
Não há nome nem se falam
Entregues a Deus e à sorte
Tudo é tétrico na penumbra
Se é dia ou noite tanto faz
Neste infinito pouco se vislumbra
No torpor flutuante sente paz
A consciência lentamente aflora
Ruídos distantes sonolência e dor
A voz familiar notícia e conforta
Estimula para ser vencedor
As lágrimas do choro contido
Embaçam a visão das mãos que lavam
O corpo inerte extenuado e lívido
Dos rostos anônimos que gravam
Há tempo para confissão interior
Despojado do orgulho e arrogância
Em promessas ao Altíssimo Senhor
Ser melhor e justo na tolerância
Do calvário vivido jamais esquece
Sem maldizer porque pode voltar
É na agrura que se fortalece
Aquele que retorna para amar.