POESIA SANDUÍCHE: ESCRAVOCRATAS E POETAS

ESCRAVOCRATAS E POETAS

Crocodilos sensuais e tranquilos,

Viveis de posse, burocratas malditos!

Setas do povo-poeta vos atormentarão,

Seus versos e votos conscientes, dolorosamente,

Vossos testículos extirparão.

Oh! trânsfugas do bem que sob o manto régio

Manhosos, agachados – bem como um crocodilo,

Viveis sensualmente à luz dum privilégio

Na pose bestial dum cágado tranquilo.

Eu rio-me de vós e cravo-vos as setas

Ardentes do olhar – formando uma vergasta

Dos raios mil do sol, das iras dos poetas,

E vibro-vos à espinha – enquanto o grande basta

O basta gigantesco, imenso, extraordinário –

Da branca consciência – o rútilo sacrário

No tímpano do ouvido – audaz me não soar.

Eu quero em rude verso altivo adamastórico,

Vermelho, colossal, d’estrépito, gongórico,

Castrar-vos como um touro – ouvindo-vos urrar!

O Poema Escravocrata, de Cruz e Sousa, são os parágrafos, 2, 3, 4, 5.