Sem volta

São quatro da madrugada,

E na rua, apenas os cães fazem companhia.

O rio, constante, segue seu curso,

Como nós, perdidos em nossas futilidades.

O caminho é irreversível,

E o chão sob meus pés, desigual, incerto.

Eu me sinto invisível,

Porque não consigo te ver, te alcançar.

O tempo, um tirano impiedoso,

Arranca de mim tudo que possuo,

Sem aviso, sem compaixão.

Estou preso nos trilhos da vida,

Lutando para manter minha essência.

Mas na tua face enigmática,

Vejo um reflexo de mim mesmo,

Um disfarce assustadoramente familiar.

Vivo em um turbilhão de pensamentos,

E morro um pouco a cada dia, por não ver,

Por não perceber o ciclo vicioso de minhas ideias,

Que brincam e dançam em minha mente,

Tornando turva minha visão, levando-me ao esquecimento.

Por um instante,

Meus ouvidos já não ouvem,

Minhas mãos já não criam.

Contemplo a fragilidade do forte,

E a força escondida na fragilidade,

Como frascos de vidro, prontos a quebrar,

Um lembrete constante de nossa efemeridade.