Quando não tinha celular

Todo mundo adorava descrever o mar.

A galera gostava de reunir p'ra falar,

Os amigos vinham de lá para cá

O samba valia com par, ou, sem par.

Quando não tinha celular...

O amigo do peito estava sempre por lá.

O crime perfeito custava à chegar

O mais louco desejo, não queria passar.

A vaidade aleia não tinha lugar!

O amor na fogueira vivia à queimar.

A paz derradeira cuidava do lar,

O prazer era coisa, do lado de cá.

Porque paramos irmãos?

De sentar nas calçadas e bater um papão

De contar às estórias do bicho papão,

De ouvir às histórias do avô artesão.

Porque deixamos irmãos?

De abraçar um amigo, apertar sua mão,

De beijar a menina e pedir permissão

De ouvir às esquinas, Ipiranga e São João.

O que perdemos então?

A essência da vida, ou, a vida das mãos?

A dor das feridas, ou, a grande explosão?

Onde anda à cura p'ra esse mundão?!

Will Guará
Enviado por Will Guará em 26/02/2017
Reeditado em 26/02/2017
Código do texto: T5924233
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