As Lobas

Elas se olham sempre a se despir

Os lábios mordem pra se consumir

Se deliciam com suas cerejas

Da cabeça aos pés miram-se e desejam

Querem ficar enfim uma dentro d'outra

Bocas roçando os apelos da pele

Não se repelem, gemem e não se ferem

E não diferem nos seus sentimentos

E uivam como lobas

E adormecem quais os querubins

Ah! Se eles não fossem ruins

Ah! Se cuidassem de mim

Juntas declaram-se menina mulher

Uma é garfo e a outra colher

São para tudo o que der e vier

Tão parecidas assim com um vulcão

Em erupção ardem seus corações

E as lavas e as labaredas

Se espalham por sobre os lençóis de sedas

Naquelas duas transparências nuas

E nos nuances de seus queixumes

Elas são lagartas faiscantes no quarto

Depois borboletas vibrantes no espaço

Que entre beijos, carícias e abraços

Estão à sós bem felizes sem nós

Homens vorazes e antigos algozes

Que batem e matam e ainda hoje

Sufocam suas vozes

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 16/02/2017
Reeditado em 18/02/2017
Código do texto: T5914879
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