Limitante ser!

Não somos o que queremos ser,

somos o que é o nosso ser.

Quieto demais, falante, opaco, cristais,

risonho, tristonho, ameno, impetuoso,

em cantos mil, céu anil ou tempo choroso...

As vezes somos fortes, invencíveis,

de uma fé única, interminável, inabalável...

Outras somos sombra, orvalho, sobras,

sem forças, em completo deszelo, em desterro!

O que nos governa? desejos, anseios, sonhos,

tão raros os que tiram a sola do pé do chão.

Não há como fazer concessões de nós mesmos,

como maquiar a alma se não quisermos,

ou se quisermos e acharmos que isso nos faz bem.

Não dá pra viver quando a vontade é sobreviver,

para abraçar o mundo quando o desejo é se recolher,

ou vice versa, como cada um preferir.

Se não sabemos quem somos, não sabemos pra onde vamos,

não sabemos quais são as necessidades que nos norteiam

ou as vaidades que nos comandam.

Se elas nos comandam ou são comandadas por nós!

O corpo padece, perece à mente que parece às vezes doente.

É preciso entender cada um o seu próprio lar,

a mente precisa ter discernimento mínimo para se consertar,

ou para se quebrar se consertar já não é suficiente.

Nesse constante conhecimento do próprio ser!

E ao fim é tão simples perceber, somos o que habita o ser...

Somos o que nos governa,

se o Pai for em essência o governante-mor,

confiamos a embarcação,

seguro que o condutor guia com perfeição,

por mais escuro ou iluminado seja o próprio coração.

A podridão existencialista ainda permanece,

mas a simplicidade invade a vida de felicidade,

ainda que a tristeza transborda ou se oculta da face.

Qual íntima tempestade resiste a paz ao cessar do criador

conhecedor de toda alma, aflição ou dor!

No limite do ser, infinito já é!

08/02/2017