É Natal? (Tira nos de Aleppo, papai Noel)

Era madrugada, enquanto via o clarão das bombas pela janela,

Como em suspirar numa questão simples, pura e tão singela...

O menino Omã, ali, tremendo de dor e aflição, olha crianças,

Que ao seu redor, suplicam, em olhares puros de esperanças,

Orações que ao céu sobem na pureza própria de cada coração!

É natal? Tira-nos, então, de Aleppo, papai Noel! Eis aqui a visão:

Eu não entendo nada desta situação, de guerra, morte e aflição,

Não sei o porquê de tanto ódio, que causa toda essa destruição!

Papai Noel, não o conheço muito bem, sei que és bom velhinho,

Sei que cuidas das pessoas, das crianças e até de um passarinho!

Onde está a paz que a humanidade tanto fala nesta época de natal?

Olha só, papai Noel, acabou de cair uma bomba bem no meu quintal!

Procuro encontrar na minha mente um sentido pra toda essa guerra...

Será pedra preciosa, ouro, petróleo, apenas a simples posse da terra?

Mas, e o bem mais precioso do planeta, a vida, que lugar vai ocupar?

Olha, papai Noel, estou lutando comigo mesmo para louco eu não ficar...

Não tenho mais pai e nem mãe, meus irmãos... Todos já estão mortos!

É madrugada e no clarão das explosões, por toda parte, só vejo corpos.

Papai Noel, Omâ tem um pedido pra você, peço em nome dos amigos,

Que estão aqui comigo, todos órfãos... Na solidão de todos os perigos!

Por favor, papai Noel, tira-nos deste inferno, de ditador tão sanguinário!

O mundo todo está vendo, tu bem sabes, não é fruto do meu imaginário.

Quanto sofrimento de crianças, jovens e idosos... Morte, aflição e dor...

Omâ é apenas uma dessas crianças, mas já vi, aqui não há mais amor.

Eu não sei como virás aqui, é campo minado, é preciso muito cuidado!

A cada minuto explode-se numa delas um pobre e desgraçado soldado.

Pensei como podes vir, à pé, carro, avião, trem... A cabeça deu um nó!

Mas, papai Noel, se puder levar todas as crianças... Venha no seu trenó.

Não queremos carrinhos, bonecas ou qualquer que seja o brinquedo...

Tudo o que queremos é que você nos salve e nos tire todo esse medo.

Mas, olhe papai Noel, se você que prega a paz, e, no natal a alegria

Não trouxer... Omâ vai rasgar do coração toda essa sua triste fantasia.

Por que as crianças ocidentais são felizes e ganham muitos presentes?

Nós aqui, papai Noel, no meio desta desgraça, como vis almas ardentes,

Sem ser humano honesto no planeta que faça parar essa triste partida?!

Nós temos apenas um pedido, como presente, papai Noel: A nossa vida.

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 16.12.2016

09h41min [Manhã]

Estilo: Sextilha