DESERTO

Por isso, esse deserto!

Olha-se logo atrás e se vê estranheza

naquilo que foi familiar

e que sustentou brava e fantasiosamente

os passos que sempre se ensaiaram

mas que jamais foram dados.

Olha-se logo à frente e o que se vê

é uma misteriosa e inalcansável paisagem

onde tudo parece suavemente belo

e para onde uma ponte precisa ser construida

usando-se pedras luminosas de pensamento

que estão escondidas no profundo do coração.

Ao redor nada;

nada que se tenha sido

nada que se possa vir a ser.

E nesse deserto do existir

somos (alguns) esses que nem regressam nem vão;

que sabemos o que fazer mas não fazemos;

que vemos os que não sabem e os que fazem

colocados à mesma distância

de nossa ciente e inerte condição.

O vento começa a soprar!

Beto Torrês

31..08..16

Beto Torres
Enviado por Beto Torres em 31/08/2016
Reeditado em 04/10/2016
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