Eles querem me calar

Esperam que me cale, mas não consigo me calar

Minha mente mais forte que me corpo, não me deixa escapar

Encontro-me mergulhado, sufocado e borboletas já não me fazem parar

É mister de sensações, emoções e reações em meu corpo a pairar

Não me paro, não me calo, não me sinto relaxar

É tanta coisa, tantas vozes que controlam o meu pensar

Em momentos me sinto afoito, em outros quase a parar

Não me paro, pois não me calo, pois não me deixam de falar

Está nas vozes, nos olhares e dentro daquilo e daquele que sequer sei distinguir

Uma fala, uma voz, uma percepção e um olhar

Quanto mais tento entender, mas me sinto intocável

Me protejo, me resguardo, mas eles não me deixar calar

Quanto mais me vejo quieto, mais vontade de inquietude tenho para expressar

Já não sei mais se paro ou se volto a andar

Por vezes me sinto flutuado, noutras vezes sem enxergar

Mas é simples tracejo de caminhos inesperados que me levam o meu cantar

É eloquente, envolvente e às vezes quero parar, são inúmeros barulhos, inúmeros caminhos

Não sei mais onde vou parar

As vozes não param e lá dentro como se lá fora fosse é mais vazio que o pensar

Estamos juntos e a sós, não há como se certificar

O universo infinito, mas finito no meu pensar

É muita coisa, muita gente, muita fala e pouco caso

É tudo igual e tudo rápido e não sei onde vou parar

Não me contento, não me satisfaço com a fala que vem de fora

Se sou igual ou diferente, já não sei o que falar

De mais não ouço, não escuto, eles querem me calar

Minha voz some, meu coração para,

Mas lá dentro é de lascar

É movimento, é sentimento, é sensação desabrochar

Não me paro, não me calo, mas me canso de pensar

É muito tudo, é muito pouco do que se pode imaginar.

Matheus Karl
Enviado por Matheus Karl em 14/07/2016
Código do texto: T5697692
Classificação de conteúdo: seguro