Esquecer

Um dia a gente esquece. Esquece sim.

Podemos tentar nos agarrar, mas passa.

Pode demorar um pouquinho

Ou pode ocorrer enquanto espera na fila do banco.

Ou enquanto lemos o jornal.

Ou enquanto bebericamos uma xícara de café pensando na vida.

Esquecemos tudo de uma vez.

Ou em partes que não consideramos tão importantes.

Talvez seja rápido e sem dor.

Ou lento com muita dor.

Ou o contrário.

Talvez leve mais tempo que o combinado.

Ou aconteça num simples estalar de dedos.

Mas o fato é que a gente esquece.

Quando é necessário esquecer, esquecemos.

Quando a gente quer, é esquecido.

Sem mistério algum.

Pode doer, arranhar, estrangular, nos sufocar.

Despedaçar as expectativas que criamos.

Quebras-nos em mil pedacinhos de mil.

Tornar em cacos aquilo que julgamos inquebrável.

Pode ser que não seja preciso um porre para que isso aconteça.

Ou um encontro casual. Novas bocas ou novas músicas.

A gente esquece quando quer esquecer.

Seja correndo para espairecer.

Seja se jogando de cabeça num novo projeto.

Seja trabalhando horas a mais.

Seja ficando preso no engarrafamento por mais e mais horas.

A vida se encarrega de nos fazer esquecer.

O destino leva tudo para longe.

O tempo despacha nossa mala de coisas inúteis.

E tudo recomeça e recomeça e recomeça.

Infinitamente.

“É uma pena esquecer”, diria alguns.

“Graças a Deus tudo se renova”, eu afirmo.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 07/05/2016
Reeditado em 09/05/2016
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