O Trem
O TREM
O que o trem vê quando passa?
De tanto que repete a viagem esquece?
Nos mesmos trilhos correndo adormece?
Ou das mesmas cenas vistas enjoa?
Parece tão pesado e aflito
Nas subidas dá sinais de cansaço,
Mas engana quando soa o apito
Mais uma curva e já não tem obstáculo.
O trem descobre vida onde passa,
Deixa sempre um rastro no caminho
No apito envia uma mensagem,
Aos moradores e passarinhos.
Pela janela o passageiro pasma
Meninos correndo na trilha pequena,
E as meninas com sonhos nos olhos
Casando com cada um que acena.
Numa bacia é lavada a roupa
Onde escorre uma poeira vermelha,
Mas nos varais balançando loucas
Fica o suor de uma vida inteira.
Nas casinhas de bonecas que passam
Com janela e porta tão pequenina,
Nem parece caber, mas bem cabe
A felicidade que o trem descortina!
(Natal, 10 de janeiro de 2014)