O ar do ser
Anjo ou bruxa
Fada ou vilão?
Não sei ao certo
Não tem explicação
Só sei que é
De onde viria minha inspiração
De uma escrita vulgar
Um sentimento fugaz
Um pensamento real
Não somos todos nós
Um pouco disso afinal?
Desígnios do destino
Ou donos da nossa história?
Já fui vítima das minhas escolhas
Mas não agora
Entre o ser
E o ter
Questionada muito cedo
Sem saber
Escolhendo por instinto
O ser
Roubando assim
O fogo da liberdade
Das terras de onde o tirei
Não ouso ter arrependimentos
Muito menos saudade
Mas não quero nele
Mais me queimar
E sim, enfim dele poder usufruir
E desfrutar
Quero a sabedoria do ser
Descobrir e poder partilhar
Deixar a alma
Livre fluir
E se expressar
Tomar as rédeas do futuro
E o meu sentir externar
Ajudar aqueles
Que assim como eu
Necessitam seus monstros
Afugentar
Não temer minhas escolhas
Nem ser vítima em minha coragem
Hoje vejo que o que escrevo
Não é mera vaidade
Mas sim de muito,
Uma real necessidade
Ao ser de luz e trevas
Que envolto em sua armadura de letras
Me fez o admirar
E assim cruzando meu caminho
Ousou minha alma oprimida vislumbrar
Agradeço pela luz e sabedoria
De sua bem-feita armadura me guiar
E por sua coragem infinita
Comigo partilhar
E assim ao meu ser necessitado
Aprisionado
Com um sopro de esperança contagiar
Dando forças a ele para enfim
Libertação clamar
Minhas palavras ainda engatinham
Buscando forma e maturidade
Mas já fazem muito
Pois expressam minha verdade
Dando voz a minha alma
Até então calada
Isolada
Sufocada
Agora enfim respira
Aspirando liberdade
Não ouso me chamar poeta
Muito menos artista
Por agora só desejo
Não ser mais um ser
Meramente egoísta
Sei que é preciso bem mais
Do que um punhado de palavras
Para isso alcançar
Mas fica aqui meu compromisso
De ao menos
Não mais minha alma calar
E muito menos meu ser
Com tantas lágrimas
Conquistado, subjugar
O que se é
É muito
Para por tão pouco, negligenciar.