À deriva de mim
Titubeio entre espadas e escudos
No embuste, ingrato, das decisões que não tomei.
Ai de mim se voltar ao antes.
Que a essa altura são instantes.
Num pesadelo que enterrei.
Fez de mim o tempo
Algo frio e um tanto racional.
Aprendi a esperar menos, orando mais.
Ninguém desbrava a si mesmo desconhecendo seus limites.
Esperar nada tem haver com inércia.
Estou a deriva de mim.
Num barril de vinho tinto.
As ondas sossobram, e só sobram.
Por que na maresia da vida,
Depois de muita teimosia.
Estou aprendendo a remar.
Meu pensamento é uma caravela.
Minha mente é o mar.
Nunca estive parado.
Ora remando, ora correndo.
Estou sempre me movendo.
E mesmo inculcado.
De algum modo, também posso flutuar.
O tempo é uma criança rebelde.
Que esperneia se não tem doces.
Ela tem sede do que não conhece
E deseja, anseia, apronta.