Circunavegações
Circunavego,
um mar de vidro,
cada onda,
um espelho,
que me reflete.
Netuno, Eolo
divertem-se
com meus apuros,
tensos eu e os cordames.
Firme no prumo,
suspiro entredentes,
o vento cortante
navalhas nas carnes.
E o mar cortante,
o vento cortante,
o sol escaldante
e eu cortado e sedento.
E o cruel horizonte
de linhas retas,
não desenha
ilha, porto, baia.
Remotos,
meus esforços,
semi-inconscientes,
teimo e é tudo.
Ou venço eu!
Ou finda esse mar.