QUIETUDE

Em voga a difusão do sarcasmo.
Disseminado por redes em teia.
Mentem déspotas em espasmo.
Sob as vistas da passiva plateia.
 
É povo que leva a fome na face.
De ter ao menos da vida o justo.
Conhecem do pão nem o gosto.
E do vil tirano ignoram o disfarce.

No gládio diário és vencido.
Em achaque lhe roubam a renda.
Negando tirar dos olhos a venda.
Entregas a chave ao bandido.

Pensam estarem livres os tolos.
Experimentando a pura ilusão.
Em lento trotear de acéfalos.
Ao abate seguem em procissão.

Desconhecem a essência liberta.
Conquistada pela dura batalha.
Onde a vitória e a vida é incerta.
Separar a liberdade e a migalha.

Tendo direito à escolha... e cobrar!
Indolentes engolem a seco essa sede.
Na fartura que essa terra concede.
Faltou a esse povo na guerra sangrar.

Em meio à multidão que negaceia.
A solitude é o caminho que resta.
Nessa senda que se abre em fresta.
A quietude é minha íntima aldeia