Alguém

Estou-me farto de tudo isso!

Este caminho, estas regras..

O mundo exige que cheguemos a algum lugar,

Que conquistemos coisas.

[tudo quinquilharias.

E ressoa aos ouvidos do velho menino,

Que só queria brincar com seus obsoletos carrinhos:

-Vá estudar moleque, e assim, serás algo nesta vida,

Não faças como esta velha, seja alguémmm...

E me perguntaste:

-Já não sou alguém? E que é este novo que devo me transformar?...

Correr ,Vencer, Comprar!

E poder assim, com meu super automóvel,

Passar a frente do velho bairro, da velha casa, da paralítica rua...

Olhar aos pobres que eu via na infância e vê-los,

[de meu altar de perdas

Estagnados, congeladamente coitados,

Como se àqueles o tempo não ajudaste.

E assim, aos olhos da velha seria eu alguém,

Um alguém tristonho , Porém visível e Porém soberbo.

Desculpe-me a todos , perdoe-me os velhos que me disseram,

Mas em minhas ambições não há espaço ao impostor,

Meu alguém é mais simples,

Segundo os românticos.

O mais complexo ,

Tratando-se de pensares.

Quero ser apenas ninguém,

E no modesto anonimato,

Alçar nas costas O Próprio Universo.

Serei aquele que chora pelo que as almas sentem,

E que encarna o que sequer vê.

Quero só ser poeta,

E ganhar meu quintal,

Como quem ganha o mundo!

G Trindade
Enviado por G Trindade em 15/09/2015
Reeditado em 18/09/2015
Código do texto: T5382799
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