INSPIRAÇÃO

Quanto mais te procuro, menos te encontro
Embrenho-me pelas ruas numa madrugada
Avisto um mendigo que conversa com a lua
E me pergunto: Será que ela habita neste diálogo?
 
Seria fácil poetizar seus traços e olhos desgastados,
Mas descrever o que habita em sua alma e coração
 
Seria uma árdua e difícil narrativa
 
Um louco subitamente adentra
A uma fábrica de gente...
E das entranhas ouve-se um choro
É o sopro da vida!
 
E me pergunto, ela estaria neste milagre?
 
E afinal o que seria a inspiração?!

Seria o que tranca a garganta no inicio dum choro?

Algo que até hoje, a ciência nunca conseguiu explicar
 
Uma alvorada rompendo meu horizonte?
Ou um arrebol pintando minha saudade-solidão!?
 
Quadros da natureza...
Poesia viva transcendendo o meu intelecto
 
A batalha mais aguerrida pra quem se diz poeta
Rabiscar a alma que é tão abstrata...
Mas ao mesmo tempo se mostra tão matéria
Até quando restar apenas o teu espectro
 
Fragmentar a vida e guardá-la
No lapidar de teus versos
 
As mais ternas e lindas inspirações são
Momentâneas, espontâneas, são flashes, são insights…
Elas jamais serão falsas, ainda que tentes torná-las
 
Ela pode está no homem que pertence à noite
Ou na mulher que sabiamente o domina
 
Pensamentos diacrônicos
Retalhos de uma vida, de um tempo, de um lugar, ou de uma pessoa 
 
Misto de sentimentos que te tomam...
No momento em que te apoderas de mentes alheias
 
Estás em êxtase de alegria...
As lágrimas que agora te confortam
Amanhã poderão matar-te
 
E ainda assim, ao desprender-se de tua inspiração
Retornas e compelido de glória. Vislumbras...
 
Tua poesia lindamente concretizada
Mas quem a escreveu?

Não, Não fostes tu, e sim o construtor
 
E ela sempre pertencerá  ao mundo
E as mentes daqueles que tu invadiste
 
Sem permissão, como se fosse um ladrão,
Mas um ladrão do bem... Que materializa nas letras
O choro, o riso, a saudade, o amor, a alegria...
 
A subjetividade de cada ser humano...
Ah! Isso transcende qualquer tipo de linguagem
 
Ó! INSPIRAÇÃO...
O que seria de mim?!

Fábio Ribbeiro