Sonhos desmontados

Pálida nitidez de um sonho distorcido

Ilusão de uma vida sem retorno

Impávida manhã tão indiferente

O mendigo observa da calçada

As pessoas sem rosto, sem vida.

O cinza insistente roubando o azul entristecido

Os buracos no asfalto cansado

As poças barrentas da esperança

Sonhos de uma aurora interrompida

Nenhuma tristeza é suficiente

Sabemos de tudo que há de errado

Mantemos a verdade encarcerada

Escondemos o bom senso

Cobrimos a justiça

Vemos o proceder cínico reinar

Mantendo um sorriso torpe no olhar

Pálida nitidez do silêncio da cor

Teimosia de um dia comum

Conformação do pão e circo

Pão mal alimentado e sofrido

Subsistência de um salário minimizado

Circo de piadas públicas

Palhaçadas corruptas sem dono e vadio.

O som do desmonte do sonho

Ilusão de um futuro real e possível

Reconstrução de uma cidade esquecida

Lágrimas derramadas em vão.

Soberbos saboreando seus egoísmos

Sonhadores agonizando pelo chão

Sonhos estraçalhados

Humanidade adormecida

Esperança que resiste até o fim.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 14/01/2015
Reeditado em 28/01/2015
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