Um (novo) Cheiro de Café

Quão despretensioso estava, apenas por estar

À disposição das fadigas

De todas, que bem o diga

Tudo era tão velho

Tudo era passado

O que me arrastava pela noite

O que me restava

O que teimava em não me despertar

Aporta-me o amanhecer

Um novo dia (qualquer)

Talvez mera extensão de outro

Sem tristezas, sem alegrias, ainda

Algo que agora se inicia, ou finda

Acaricio a pele dessa manhã

Desejo, incenso

Que me ensaia e tempera

Que me carrega pela mão

Que me diz todos os sins

E todos os nãos

Seja como for

Não há como resistir

Vou me entregar

Meu café fuma no coador

Sinto os seus cheiros

Tudo que somente restava

Já me é tão novo

Aluísio Azevedo Júnior
Enviado por Aluísio Azevedo Júnior em 19/01/2014
Reeditado em 19/01/2014
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